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Arquitetos: José Carlos Cruz
- Área: 6854 m²
- Ano: 2015
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Fotografias:Fernando Guerra | FG+SG
Descrição enviada pela equipe de projeto. O principal objetivo da intervenção prendeu-se essencialmente com a preservação da identidade do antigo edifício "Frigorífico Peixe / Bolsa do Pescado.", explorando os critérios - base que dão suporte quer ao seu usufruto público, quer à conservação e restauro dos seus elementos estruturais e arquitetônicos, procurou-se colocar em evidência os elementos reveladores da qualidade arquitetônica desta construção, permitindo aos seus utentes uma leitura global das várias fases de que o conjunto.
A construção foi sustentada num juízo de valor acerca da importância relativa da construção pré-existentes, juízo esse que se encontrava fundamentado na sua própria história. O estudo apresentado pressupôs a demolição do volume edificado correspondente aos antigos armazéns frigoríficos, que se encontravam em avançado estado de degradação, para dar lugar ao volume das unidades de alojamento do empreendimento turístico, sem que com isso se aviltasse o carácter global do conjunto edificado. Tal substituição permitiu um novo conjunto edificado que, aliado ao volume que se manteve, garante não só a recuperação, mas também a qualificação e revitalização deste imóvel classificado como Patrimônio Cultural e toda a sua área de influência.
O novo volume destinado às unidades de alojamento entende-se como uma intervenção operada num dado momento, assumindo-se como mais uma fase ou etapa na evolução temporal deste emblemático conjunto edificado, afirmando a sua autonomia a nível de funcionamento interno, mas evidenciando um natural diálogo com as pré-existências, e com a envolvente mais ou menos próxima, uma vez que se preservaram as fachadas existentes a Sul e a Poente, bem como parte da fachada de remate no gaveto Nascente.
Procurou-se que a linguagem plástica da nova construção não entrasse em competição, nem que constituísse um plágio mimético do volume da antiga Bolsa do Pescado, pelo que possui assim um caráter fortemente abstrato e unitário, anulando-se na translucidez das suas fachadas, ou transformando-se em espelho da sua envolvente.
As diferentes valências funcionais do hotel são distribuídas da seguinte forma:
- No piso -1 localiza-se o espaço reservado ao estacionamento (destinado aos utentes do hotel), para cargas/descargas e toda a compartimentação técnica do empreendimento; a cozinha do restaurante, e as instalações sanitárias destinadas ao pessoal; localizam-se igualmente as salas de reuniões, com as suas as áreas técnicas e espaços de serviços de apoio;
- No piso 0, ao nível do rés-do-chão, localiza-se o acesso principal ao empreendimento, bem como o foyer/lobby; o restaurante; 22 unidades de alojamento; o espaço reservado à administração/direção do hotel; bem como áreas de serviço;
- No piso 1, localiza-se o prolongamento do foyer/lobby respeitante à galeria de acesso ao bar; o bar; 23 unidades de alojamento; e áreas de serviço;
- No piso 2 localizam-se 28 unidades de alojamento; e áreas de serviço;
- No piso 3 localizam-se 22 unidades de alojamento; e áreas de serviço; A nível de organização espacial, o volume correspondente à nave da antiga Lota do Pescado (a Poente), é o centro estruturador da organização funcional do novo programa. O principal acesso público faz-se através do vão existente no eixo da fachada Sul, na Alameda Basílio Teles; dois lanços de escada, implantados simetricamente à entrada e paralelos à fachada permitem vencer o desnível que existe entre a rua e o foyer/ lobby proposto; um volume, que alberga o back office e o gabinete da direção do hotel, domina o espaço do foyer; fronteiro a esse volume localiza-se o balcão da recepção.
Na parte superior deste volume localiza-se um bar com acesso através do varandim existente no piso 1. No volume da zona de gaveto da Alameda Basílio Teles com a Rua D. Pedro V, localiza-se o restaurante; a sala de refeições e pequenos-almoços é complanar com o foyer/lobby, sendo a comunicação através de vãos com generosas dimensões; a opção por esta localização do restaurante prende-se com o interesse em potenciar a sua “abertura” ao exterior, dado que tem acesso direto à rua, através da porta localizada no gaveto do volume.
Nos pisos acima do restaurante, localizam-se 9 unidades de alojamento (que incluem as 4 suítes). Com a nova compartimentação procurou-se obter o menor impacto formal possível, adaptando-a às condicionantes existentes e respeitando integralmente o desenho da fachada original e respetivos vãos. As unidades de alojamento (quartos) distribuem-se ao logo de um corredor e as ligações verticais aos vários pisos realizam-se através de três núcleos de escada e ascensor, implantados de modo a garantir os requisitos exigidos pela segurança contra incêndios (dois núcleos destinados a utentes e um núcleo destinado a pessoal de serviço); no interior das unidades de alojamento, existem instalações sanitárias completas, acessíveis através de uma antecâmara.